Localizada em Idanha-a-Nova no distrito de Castelo Branco, a pequena vila montanhosa de Monsanto é uma das “12 Aldeias Históricas de Portugal” (um programa criado pelo governo português em 1991, para restaurar e valorizar uma série de aldeias da região da Beira Interior, mais antigas que o próprio país).

Com um imponente castelo templário, construído no século XII e que se ergue a mais de 750 metros de altitude, a aldeia histórica de Monsanto é um deslumbrante “mar de granito”. Além do recinto muralhado desta fortaleza medieval, existem inúmeras capelas, solares nobres e casas que utilizam este tipo de rocha!

Por isso, queres saber mais sobre 1 Dia Em Monsanto: O Roteiro De Monsanto Perfeito? Continua a ler!

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Breve História de Monsanto

Segundo os historiadores, a região onde se situa atualmente a vila de Monsanto já é habitada desde o período paleolítico. Aliás, os vestígios encontrados em explorações arqueológicos mostram a presença sucessiva de lusitanos, romanos, visigóticos e árabes, desde a Pré-História até ao século XII (em plena Idade Média).

Foi precisamente aos mouros que D. Afonso Henriques conquistou Monsanto, no ano de 1165. E tal como aconteceu com muitas terras conquistas neste período, o primeiro rei de Portugal decidiu doá-las à Ordem dos Cavaleiros Templários, como forma de agradecimento pelo auxílio prestado em combate.

Gualdim Pais (o 6º Grão-Mestre da Ordem em Portugal e o fundador de cidades como Pombal e Tomar, e de castelos como o de Almourol e Idanha-a-Nova) foi o responsável pela construção do Castelo de Monsanto – obra que viria a ser requalificada pelo rei D. Sancho I umas décadas mais tarde.

Nos séculos seguintes, a fortaleza medieval continuou a ser reforçada, enquanto a aldeia se desenvolvia para fora das muralhas, no sopé do monte. Perante este crescimento, D. Manuel I decidiu atribuir carta de foral a Monsanto e reconheceu-lhe o estatuto de vila.

A localização estratégica de Monsanto provou ser de importância fundamental novamente durante a Guerra da Restauração (1640-1668) e na Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714), ao impedir o avanço de tropas espanholas sobre solo português.

Além de ter sido declarada uma das “12 Aldeias Históricas de Portugal” no ano de 1995, Monsanto orgulha-se de ser a “A Aldeia Mais Portuguesa De Portugal”, título que recebeu em 1928. Uma réplica do troféu foi colocada no topo da Torre do Lucano (ou Torre do Relógio). Consegues vê-la na foto?

Visitar Monsanto

Se quiseres, podes fazer como eu e explorar Monsanto no mesmo dia em que visitares Idanha-a-Velha e Castelo Novo, pois ficam bastante perto (a 10 km e 45 km, respetivamente). No entanto, tem em atenção que Monsanto é uma vila e não uma aldeia – o que significa que tem muitos mais pontos de interesse!

Sinceramente, algumas das 12 Aldeias Históricas de Portugal podem ser visitadas numa manhã ou tarde, como é o caso de Castelo Mendo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Piódão ou Sortelha. Quanto às outras, depende do número de monumentos que queres incluir no teu roteiro.

Uma vez que Almeida, Belmonte, Castelo Novo, Castelo Rodrigo e Monsanto são vilas, é provável que precises de um dia (ou dois) para as explorares de uma ponta a outra. E o mesmo acontece com Trancoso, que é uma cidade. Já agora, eis a lista das 12 Aldeias Históricas de Portugal:

• Almeida, no distrito da Guarda
• Belmonte, no distrito de Castelo Branco
• Castelo Mendo, no distrito da Guarda
• Castelo Novo, no distrito de Castelo Branco
• Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda
• Idanha-a-Velha, no distrito de Castelo Branco
• Linhares da Beira (ou simplesmente Linhares), no distrito da Guarda
• Marialva, no distrito da Guarda
• Monsanto, no distrito de Castelo Branco
• Piódão, no distrito de Coimbra
• Sortelha, no distrito da Guarda
• Trancoso, no distrito da Guarda

Roteiro de Monsanto

Capela do Espírito Santo & Porta do Espírito Santo (ou Porta de São Sebastião)

A Capela do Espírito Santo fica numa das extremidades da vila de Monsanto, pelo que podes escolher visitá-la em primeiro lugar ou em último. Construído no século XVII, o templo católico tem uma planta simples, com uma nave única e respetiva capela-mor. E no lado direito da fachada, foi acrescentado um pequeno campanário.

A Porta do Espírito (igualmente apelidada de Porta de São Sebastião) está mesmo encostada à Capela do Espírito Santo – quase como se fosse uma extensão da mesma. Situada no lado nascente, esta entrada era um dos acessos da população à aldeia histórica.

Casa de Fernando Namora (& Antigo Consultório Médico)

Fernando Gonçalves Namora (1919-1989) foi um médico e escritor português, que passou parte da sua vida na aldeia histórica de Monsanto. Curiosamente, a casa onde viveu fica na Rua Fernando Namora, uns metros acima da Capela do Espírito Santo e da Porta do Espírito Santo!

Consegues reconhecer o edifício pela placa na fachada com uma citação da sua obra “A Nave de Pedra” (1975): “Os meus últimos livros na sua montagem e redacção finais foram escritos na aldeia”. E se continuares até à Rua da Frágua, vais encontrar o seu antigo consultório médico onde trabalhou entre 1944 e 1946.

Igreja de São Salvador (ou Igreja Matriz de Monsanto)

A Igreja de São Salvador é também a Igreja Matriz de Monsanto. Tanto quanto se sabe, foi construída entre o final do século XV e o início do século XVI, mas sofreu alterações nas décadas seguintes – como comprovam pequenos elementos decorativos do século XVII e a sua fachada do século XVIII.

Como é possível perceber pelo nome, é um templo dedicado a Jesus Cristo. O seu interior é constituído por três naves com capelas laterais e colaterais, e uma capela-mor maneirista ao fundo da nave central. Outro detalhe curioso desta igreja é a rosácea na fachada principal, que data da década de 1950.

Solar do Marquês da Graciosa (ou Solar dos Andrades)

Esta casa senhorial no centro histórico da vila é conhecida tanto por Solar do Marquês da Graciosa como por Solar dos Andrades.

Datado dos séculos XVII e XVIII, é um grande edifício composto por dois pisos, sendo que o Posto de Turismo de Monsanto funciona no rés-do-chão.

E tal como em tantas outras construções desta aldeia histórica, é possível admirar elementos arquitetónicos em pedra granítica, que foram utilizados quer para efeitos estruturais, quer para efeitos estéticos.

Por último, importa mencionar o piso superior da fachada principal, com o brasão da família Andrade ao centro e cinco sacadas com grades de metal ricamente decoradas.

Torre do Lucano (ou Torre do Relógio)

A Torre do Lucano (mais conhecida como Torre do Relógio) é provavelmente o segundo monumento mais popular entre os turistas nacionais e internacionais que visitam Monsanto – e também o segundo mais fotografado por eles – depois do Castelo.

É porque esta antiga torre sineira do século XVIII tornou-se um dos símbolos da vila, depois desta ter sido eleita “A Aldeia Mais Portuguesa De Portugal”, no ano de 1928!

Aliás, se fotografares a Torre do Lucano de um ponto alto ou mais afastado, vais encontrar uma réplica do Galo de Prata no telhado, o prémio de um concurso organizado pelo Secretariado de Propaganda Nacional (um antigo organismo do Estado Novo)!

Gruta

Na minha opinião, esta é a estrutura mais original (e inesperada) de Monsanto. Trata-se de uma Gruta artificial, criada a partir do espaço que sobrou na base de dois grandes penedos de granito!

Começou por servir de furda – um abrigo de pedra onde se guardavam os porcos, muito típico da região da Beira Interior – e agora é mais um dos pontos turísticos da vila.

Como já deves ter reparado, Monsanto é uma das aldeias portuguesas onde melhor se vê o trabalho da população local para se adaptar ao terreno montanhoso e ao clima rigoroso. São várias as casas feitas não só de granito, mas com a própria rocha incorporada nos seus elementos estruturais (sobretudo nas paredes e telhados)!

Castelo de Monsanto

Tal como referi no início, o Castelo de Monsanto é de origens templárias, mas pensa-se que foi erguido sobre uma antiga fortaleza árabe. Mais uma vez, o granito foi a matéria-prima da construção e os Cavaleiros Templários acabaram por integrar os penedos que não conseguiram cortar diretamente na muralha!

No interior do Castelo, ainda é possível distinguir a Capela de Santa Maria do Castelo, a Cisterna, a Cidadela, a Porta Falsa (ou Porta da Traição) e uma das torres de vigia da muralha (a chamada Torre Perimetral) – ao contrário da Torre de Menagem, que explodiu em 1815 depois de ter sido convertida num paiol.

Capela de Santa Maria do Castelo

A Capela de Santa Maria do Castelo permaneceu durante muitos anos em ruínas, mas foi alvo de uma reforma profunda recentemente.

Construída no século XVIII, é constituída por uma única nave, que conduz os devotos até ao altar-mor. A arquitetura e decoração são bastante modestas, aproveitando a abundância de granito da região e colmatando com a icónica telha portuguesa.

Infelizmente, o templo costuma estar sempre fechado para visitas. Mas se quiseres aproveitar a paisagem natural e arquitetónica do Castelo de Monsanto para fotografares a Capela de Santa Maria do Castelo, sobe às muralhas da Cidadela: a vista é incrível!

Ruínas do Povoado da Freguesia de São Miguel

A última paragem deste roteiro de Monsanto é, na verdade, um conjunto de ruínas que pertenceram ao povoado da antiga freguesia de São Miguel. Este povoado estabeleceu-se no sopé do Castelo no final do século XII e era rodeado por uma muralha bem mais baixa.

Com o crescimento da população e o desenvolvimento urbano da zona onde se situa a atual vila de Monsanto, a freguesia de São Miguel foi deixada ao abandono até meados do século XVIII. Mas ainda é possível visitar três dos seus monumentos em ruínas: o Campanário, a Necrópole e a Capela.

Mapa do Roteiro de Monsanto

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