1 Dia Em Trancoso: O Roteiro De Trancoso Perfeito

Trancoso é uma cidade situada no distrito da Guarda e, simultaneamente, uma das “12 Aldeias Históricas de Portugal” (um programa criado pelo governo português em 1991, para restaurar e valorizar uma série de aldeias da região da Beira Interior, mais antigas que o próprio país).

Hoje em dia, o centro histórico de Trancoso ainda está protegido por um recinto muralhado, que foi construído na Idade Média. E um dos monumentos mais importantes deste período é o seu Castelo, uma fortificação medieval imponente com vistas privilegiadas sobre as terras de Riba-Côa!

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Roteiro de Trancoso
Roteiro de Trancoso

Breve História de Trancoso

A origem de Trancoso remonta aos séculos VIII-IX, altura em que o seu castelo foi fundado pelos muçulmanos. E à semelhança de outras aldeias históricas, Trancoso fica muito perto da fronteira com Espanha. Por isso, foi um lugar estratégico ao Reino de Portugal durante a Reconquista Cristã e nos confrontos com os Reinos de Leão e Castela.

Como povoação, Trancoso recebeu Carta de Foral no início da década de 1160, por D. Afonso Henriques (o primeiro rei de Portugal). Já em 1273, o rei D. Afonso III criou uma feira franca na vila, transformando Trancoso num destino mercantil muito popular na região e no país. Curiosamente, esta feira franca ainda é celebrada todos os anos no mês de agosto, com o nome de Feira de São Bartolomeu!

Na História de Portugal, Trancoso é também conhecido como o local onde D. Dinis se casou com D. Isabel de Aragão (mais conhecida como Rainha Santa Isabel), em 1282. Devido a este matrimónio, a muralha foi ampliada e foram construídos e reformados vários edifícios dentro da mesma, levando a um consequente crescimento da vila.

Em 1510, o rei D. Manuel I atribuiu Foral Novo a Trancoso e continuou a requalificação urbana começada pelos seus antepassados. Contudo, a sua população foi perseguida pelo Tribunal do Santo Ofício em Portugal (isto é, a Inquisição), pois acolhia uma grande comunidade judaica. Nos séculos seguintes, Trancoso perdeu importância no contexto militar, mas recuperou a sua função de defesa da fronteira nacional, durante as Invasões Francesas no início do século XIX.

Visitar Trancoso

No dia em que fui a Trancoso, aproveitei para visitar outras duas aldeias históricas: Marialva e Linhares da Beira (que ficam a cerca de 25 km e 40 km, respetivamente). Como é óbvio, tal só é possível se tiveres carro, até porque Trancoso tem muitos pontos de interesse para descobrir!

Sinceramente, algumas das 12 Aldeias Históricas de Portugal podem ser visitadas numa manhã ou tarde, como é o caso de Castelo Mendo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Piódão ou Sortelha. Quanto às outras, depende do número de monumentos que queres incluir no teu roteiro.

Uma vez que Almeida, Belmonte, Castelo Novo, Castelo Rodrigo e Monsanto são vilas, é provável que precises de um dia (ou dois) para as explorares de uma ponta a outra. E o mesmo acontece com Trancoso, que é uma cidade. Já agora, eis a lista das 12 Aldeias Históricas de Portugal:

Roteiro de Trancoso

Capela de São Bartolomeu

Se quiseres estacionar na zona do Parque Municipal de Trancoso, o primeiro ponto de interesse que vais encontrar é a Capela de São Bartolomeu. Erigido no final do século XVIII, este pequeno templo católico incorpora vários elementos decorativos típicos do Barroco Tardio.

Mas o detalhe mais curioso da Capela de São Bartolomeu encontra-se parede exterior do lado esquerdo! É um painel de azulejos criado em meados do século XX, pela histórica Fábrica Faiança Battistini de Maria de Portugal.

Aqui, pode ler-se: “Em memória do casamento de El-Rei D. Diniz com a Rainha Santa D. Isabel de Aragão, realisado nesta vila no ano de 1282, foi esta capela mandada fazer em 1778 pela Câmara Municipal do Concelho”.

Portas d’El Rei

Tal como referi na introdução, a cidade de Trancoso ainda conserva grande parte do seu recinto muralhado, construído entre os séculos XII e XIV. E onde há muralhas, há torres e portas da vila! Das quatro portas principais que existiam nesta época, ainda podes visitar três: as Portas d’El Rei, as Portas do Prado e as Portas do Carvalho.

Pelo seu nome e pela robustez das suas duas torres, é fácil perceber que as Portas d’El Rei eram a entrada mais importante da antiga vila. Ainda por cima, sabe-se que aqui passava a estrada para Coimbra e para Lisboa. Por isso, os historiadores presumem que era por estas portas que passavam os reis e a sua corte, depois de chegarem nas suas carruagens.

Paços do Concelho & Estátua do Bandarra

O edifício dos Paços do Concelho (ou Câmara Municipal) foi construído em estilo neorromânico, entre 1916 e 1920.

Mas a Praça do Município integra este guia sobre as melhores coisas para fazer em Trancoso devido a um monumento ainda mais interessante: a Estátua do Bandarra.

Gonçalo Annes Bandarra foi um sapateiro, poeta e profeta, que viveu na primeira metade do século XVI.

Natural de Trancoso, Bandarra ficou famoso por escrever trovas de cariz messiânico baseadas no Antigo Testamento, levando a que fosse acusado e processado pela Inquisição Portuguesa!

Igreja da Misericórdia

A Igreja da Misericórdia data do século XVIII, mais de dois séculos depois da fundação da Santa Casa da Misericórdia de Trancoso.

Devido à altura em que foi construída, apresenta uma arquitetura ao estilo do Barroco Tardio, com muitas semelhanças com a Capela de São Bartolomeu.

Ainda assim, o seu interior inclui elementos neoclássicos, como é o caso do altar-mor.

Localizada no final da Rua da Corredoura (que começa nas Portas d’El Rei), possui duas entradas: a que vês na foto e outra voltada para o Largo do Pelourinho.

Pelourinho & Igreja de São Pedro

O Largo do Pelourinho concentra algumas das melhores coisas para fazer em Trancoso. Entre elas, recomendo subir os degraus do Pelourinho (e apreciar as vistas para a vizinha Praça Dom Dinis), explorar a Igreja de São Pedro, e passar pelos pórticos da Casa de Alpendre e da Casa dos Arcos, só para começar!

O Pelourinho data de 1510, ano em que Trancoso recebeu o Foral Novo de D. Manuel I. Por essa razão, possui uma gaiola coroada por uma esfera armilar e pela Cruz da Ordem de Cristo, os símbolos deste monarca. Como era tradição naquela altura, o Pelourinho foi instalado numa praça central da vila, em frente à Igreja de São Pedro.

A Igreja de São Pedro foi construída no século XVIII, no local onde já existia uma igreja medieval com o mesmo nome. Como podes ver, quase todos os templos católicos de Trancoso foram reformulados no Barroco Tardio! No seu interior, a Igreja de São Pedro acolhe o Túmulo do Bandarra.

Casa do Gato Preto

A Casa do Gato Preto também é conhecida como Casa do Leão de Judá.

O edifício histórico é um importante testemunho do património judaico de Trancoso e ainda hoje se discute a origem das figuras esculpidas na sua fachada!

A que se vê à esquerda nesta fotografia parece representar o Leão de Judá (um símbolo da Tribo de Judá, uma das tribos de Israel).

Já os outros dois, ninguém sabe muito bem! Um deles assemelha-se a uma cabeça humana, enquanto o outro faz lembrar um animal… Se tivesse de adivinhar, diria que é um pinguim!

Poço do Mestre

Tentar encontrar as várias fontes espalhadas pelo centro histórico é uma das melhores coisas para fazer em Trancoso, sobretudo se gostas de apreciar diferentes estilos arquitetónicos.

O Poço do Mestre tem um nome invulgar, que pode ser explicado pela sua localização.

É que esta fonte encontra-se muito perto da Casa do Gato Preto e do sítio onde existia uma antiga sinagoga!

Por essa razão, é provável que o poço abastecesse o mikvé (um espaço para banhos de purificação) e que a sua designação seja alusiva ao rabino da comunidade judaica de Trancoso.

Casa do Bandarra

A Casa do Bandarra é um espaço museológico dedicado a Gonçalo Annes Bandarra, o poeta afamado de Trancoso.

Aqui, é possível descobrir uma pequena exposição sobre a vida e obra do Bandarra, incluindo a fase em que o artista foi perseguido pelo Tribunal do Santo Ofício e o legado que inspirou escritores e poetas seus contemporâneos.

A Casa do Bandarra está aberta todos os dias das 09:30 às 13:00 e das 14:30 às 18:00 (no Verão) ou das 09:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30 (no Inverno).

Se tiveres tempo, aproveita para explorar o Centro de Interpretação da Cultura Judaica Isaac Cardoso, situado em frente a esta casa-museu (o horário é o mesmo). Visitar tanto um como outro são duas das melhores coisas para fazer em Trancoso!

Castelo

O Castelo de Trancoso é a atração mais visitada desta cidade e aldeia histórica de Portugal. Classificado como Monumento Nacional no ano de 1921, é uma fortaleza militar robusta, composta por uma Torre de Menagem (na primeira fotografia), por cinco torreões retangulares e pelas ruínas de uma antiga capela (na segunda fotografia).

A Torre de Menagem é uma estrutura com uma largura impressionante, que data do período de ocupação muçulmana (séculos IX-XI). Por esse motivo, é um dos elementos mais antigos do Castelo de Trancoso. Através de uma estrutura moderna que foi acrescentada à Torre de Menagem, podes subir ao seu terraço e apreciar as vistas panorâmicas.

O Castelo de Trancoso está aberto todos os dias, das 09:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30, sendo que a última entrada acontece 15 minutos antes do encerramento. Nos feriados, é igualmente possível visitar este monumento, exceto a 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio, 1 de novembro, 24 e 25 de dezembro, e na tarde de 31 de dezembro.

Necrópole de Sepulturas Rupestres

Fora do recinto muralhado e a poucos metros do Tribunal de Trancoso, existe uma extensa Necrópole de Sepulturas Rupestres, com mais de trinta túmulos escavados na rocha. Esta Necrópole é uma prova incontornável do passado de Trancoso, antes de ser cidade, vila ou aldeia!

Segundo os arqueólogos, estas dezenas de sepulturas antropormórficas foram concebidas pelos visigodos, que habitaram a Península Ibérica antes da invasão muçulmana. No entanto, datam desde o século VII até ao século XII, o que significa que o local continuou a ser utilizado como cemitério já durante a Reconquista Cristã.

Portas do Prado

As Portas do Prado eram (e continuam a ser) a segunda entrada mais importante do centro histórico de Trancoso, depois das Portas d’El Rei. Já agora, além das quatro entradas principais que referi anteriormente, a muralha medieval possuía duas portas secundárias – as Portas da Traição e as Portas do Olhinho do Sol.

Tal como as Portas d’El Rei, as Portas do Prado ainda conservam as suas duas imponentes torres de planta quadrada e o seu nome é uma alusão a um amplo prado que existia antigamente neste local. Sabe-se também que aqui começava a estrada para Viseu e a Lamego.

Palácio Ducal

A última paragem neste roteiro de Trancoso é o Palácio Ducal, igualmente chamado de Solar dos Costas, Lopes e Tavares.

Embora esteja atualmente em ruínas, este edifício é um dos mais deslumbrantes da aldeia histórica de Trancoso. Foi construído no século XVIII em pleno barroco tardio, como tantos outros monumentos do centro histórico.

Um pormenor curioso é o facto de ser conhecido como “Palácio Ducal”, ainda que nunca tenha sido residência de príncipes ou membros da Família Real Portuguesa. Ainda assim, pertenceu à família dos Costa, Lopes e Tavares, dos quais se destaca o seu primeiro proprietário: Jacinto Lopes da Costa Tavares, Governador das Armas da Beira.

Mapa do Roteiro de Trancoso

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