Como Visitar O Convento Dos Capuchos Em 2024

O Convento dos Capuchos é um dos monumentos menos visitados da Paisagem Cultural de Sintra, talvez devido ao facto de não ser servido por transportes públicos. Mas, se és como eu e preferes descobrir sítios com pouca gente, então tens mesmo de explorar este antigo convento franciscano!

Construído com baixo impacto ambiental e em perfeita comunhão com a paisagem verdejante que o rodeia, o Convento dos Capuchos é o local ideal para os amantes do ar livre. E é incrível pensar que nesta mesma vila histórica, podes visitar palácios sumptuosos e depois edifícios como este, que parece ter sido esculpido pela Mãe Natureza!

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Convento dos Capuchos
Convento dos Capuchos

Breve História do Convento dos Capuchos

O Convento de Santa Cruz (mais conhecido como Convento dos Capuchos ou “Convento da Cortiça”) foi fundado em 1560, a pedido de D. Álvaro de Castro (Conselheiro de Estado do rei D. Sebastião). Mas o desejo de erigir um templo humilde dedicado à reflexão e observação da Natureza já vinha do seu pai (D. João de Castro, 13º Governador e 4º Vice-Rei do Estado Português da Índia), que faleceu antes de poder cumprir este sonho.

A casa conventual foi edificada segundo os ideais e princípios da Ordem dos Frades Menores, que tinha sido criada por São Francisco de Assis e defendia a simplicidade do modo de vida e a devoção total à espiritualidade. Por isso, os materiais utilizados na construção reduziram-se aos existente na Serra de Sintra, nomeadamente ao granito e à cortiça (daí a sua alcunha alternativa).

Ao longo de quase três séculos, o Convento dos Capuchos foi habitado por uma comunidade de apenas oito frades franciscanos, tendo um deles sido o célebre Frei Honório. Ora, reza a lenda que este frade viveu as suas últimas décadas de vida isolado numa gruta, um local atrás do convento e que hoje em dia se chama “Cova do Frei Honório”!

Porém, tudo mudou com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, no ano de 1834. À semelhança de outros conventos e mosteiros, o Convento dos Capuchos foi deixado ao abandono, até ser comprado por Sir Francis Cook (o fundador do Palácio de Monserrate, também em Sintra), em 1873.

No ano de 1949, o monumento foi adquirido pelo Estado português já em avançado estado de degradação. Nessa altura, foram realizadas algumas obras de intervenção, se bem que o verdadeiro projeto de conservação, restauro e requalificação só começou em 2013, sob a alçada da Parques de Sintra.

Património Mundial

Sabias que o Convento dos Capuchos fez parte do quarto conjunto de inscrições de Portugal na Lista do Património Mundial da UNESCO? Esta 19ª sessão do Comité de Património Mundial realizou-se em Berlim (Alemanha), entre os dias 4 e 9 de dezembro de 1995.

No entanto, a Paisagem Cultural de Sintra inclui muitos outros sítios Património Mundial da UNESCO além do Convento dos Capuchos, como o Castelo dos Mouros, o Chalet da Condessa d’Edla, o Palácio de Monserrate, o Palácio Nacional da Pena, o Palácio Nacional de Sintra, a Quinta da Regaleira e a Vila Sassetti, entre outros.

Hoje em dia, Portugal é o décimo-oitavo país do mundo e o nono país da Europa com mais sítios UNESCO, empatado com a Chéquia e a Polónia. Possui dezassete bens patrimoniais (tanto culturais, como naturais) inscritos na lista mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura!

Entretanto, já tive a oportunidade de visitar catorze:

Como Chegar ao Convento dos Capuchos

Ok, antes de mais nada, tenho de ser honesta. Ao contrário de todos os outros monumentos que visitei em Sintra, o Convento dos Capuchos é (de longe) o mais difícil em termos de acessos. Não só precisas obrigatoriamente de carro (ou táxi), como o convento fica longe do centro histórico (a quase 20 km) e o percurso é bastante acidentado (afinal de contas, estamos a falar de uma estrada de serra).

Portanto e para evitares desvios, atrasos ou frustrações, planeia bem o teu itinerário antes de começares a viagem. O Convento dos Capuchos foi a minha última paragem em Sintra e acabei por me perder duas vezes (mesmo com GPS), tendo sido obrigada a dar uma volta desnecessária por Cascais!

Horários de Abertura & Preços de Bilhetes

O Convento dos Capuchos está aberto todos os dias, das 09:00 às 18:00, sendo que a última entrada acontece às 17:00. Quanto aos bilhetes, estes custam 7€ (dos 18 aos 64 anos) ou 5.5€ (dos 6 aos 17 anos, e para maiores de 65 anos). Também há um bilhete de família (para dois adultos e duas crianças) a 22€.

DICA: Se já sabes o dia e hora em que queres visitar o Convento dos Capuchos (e/ou, se pretendes visitar mais do que um monumento em Sintra), recomendo que compres as entradas pela bilheteira online da Parques de Sintra. Desta forma, tens acesso a um desconto automático de 5%!

O Que Ver no Convento dos Capuchos

Terreiro das Cruzes

O primeiro local de interesse nesta visita virtual ao Convento dos Capuchos chama-se Terreiro das Cruzes, uma praça ampla que dá acesso à casa conventual. Fica a alguns metros da entrada do recinto (onde se encontra a bilheteira) e, pelo caminho, vais passar pela Loja, Cafetaria e Sanitários.

O Terreiro das Cruzes deve o seu nome às três cruzes que foram instaladas neste local, em alusão ao Gólgota (ou Calvário, a colina onde Jesus Cristo foi crucificado). Daqui, os peregrinos tinham de escolher um de dois caminhos, marcados pelas duas cruzes mais pequenas. Depois, chegavam ao Pórtico das Fragas e tocavam o sino, pedindo permissão para entrar no convento.

Terreiro da Fonte

O Terreiro da Fonte é precedido por uma outra praça: o Terreiro do Sino. E tanto um como o outro, receberam o nome do único elemento de decoração existente no local: uma fonte de pedra (na primeira fotografia) e um sino (o tal do Pórtico das Fragas, que servia para chamar o Frade Guardião, o porteiro).

Todos os peregrinos e demais visitantes religiosos que chegavam ao Convento dos Capuchos, eram recebidos no Terreiro da Fonte. Como parte do seu acolhimento, existia sempre uma pequena merenda distribuída pelas duas mesas de pedra (também na primeira foto) e, claro, a água fresca da própria fonte.

Alpendre

Depois de recuperarem o fôlego e a energia, os peregrinos e convidados dirigiam-se ao Alpendre. E, como podes ver, a entrada coberta do Convento dos Capuchos é um dos primeiros espaços a denunciar a presença abundante de granito e cortiça nas suas estruturas e acabamentos.

Outros elementos que claramente evidenciam a filosofia de vida destes frades franciscanos é a ausência de decoração ostensiva e a cruz ao fundo, feita de madeira e nada mais. Da esquerda para a direita, o Alpendre conduzia a diferentes espaços: Igreja, Portaria, Herbolário (o laboratório de plantas medicinais) e Capela da Paixão de Cristo.

Capela da Paixão de Cristo

A Capela da Paixão de Cristo é um espaço minúsculo, situado à direita do Alpendre. Aliás, dentro deste pequeno templo católico, quase só há espaço para o pequeno nicho escavado na parede!

Embora não faça parte do projeto inicial de construção, a Capela da Paixão de Cristo é um dos sítios mais bonitos do Convento dos Capuchos.

Foi concebida no século XVIII, como é possível perceber pelo seu revestimento a azulejos azuis e brancos, tão caraterísticos deste período arquitetónico em Portugal.

Segundo os registos históricos, o nicho do altar (que vês na fotografia) abrigava uma imagem do Senhor dos Passos. E os painéis decorativos das paredes retratam episódios da Paixão de Cristo (daí o nome).

Igreja

A Igreja é, curiosamente, o único local do Convento dos Capuchos onde se nota alguma opulência. Mas isto é porque o retábulo do altar em mármore policromado foi oferecido por D. Álvaro de Castro.

Naquela época, esta era uma forma comum dos patronos afirmarem o seu poder e riqueza junto da Igreja, do Povo e da restante Nobreza.

Neste caso, a família Castro fez ainda questão de acrescentar o seu brasão por cima da placa evocativa da fundação do convento, sendo que ambos são feitos em mármore.

Outro detalhe curioso é a balaustrada de madeira, que separava o “profano” do “sagrado”. Neste último, só podiam entrar os frades, pois eram os únicos que haviam recusado aos prazeres mundanos!

Coro Alto

O Coro Alto é a paragem que segue neste itinerário pelo interior do Convento dos Capuchos.

Com bancos, portadas e outros acabamentos feitos em cortiça, era um espaço bastante acolhedor – pelo menos quando comparado a outras salas deste monumento!

Durante as missas e outras celebrações religiosas, o Coro Alto acolhia os frades franciscanos, que entoavam os cânticos litúrgicos enquanto um ou dois deles conduziam a cerimónia.

Ocasionalmente, era utilizado como Sacristia, de forma a poder receber visitas de figuras mais distintas. Estes podiam ser membros da Família Real (incluindo o próprio Rei) ou parentes de D. Álvaro de Castro.

Portaria

A Portaria é a segunda porta que vês à esquerda quando estás no Alpendre. É possível que, durante a visita, deixes este local para o fim (se continuares pelo Coro Alto, vais dar ao Dormitório e aos espaços comuns do convento), mas eu decidi inclui-la aqui no meio pela sua função.

É que a Portaria era, basicamente, a porta de entrada no Convento dos Capuchos. Aliás, esta mesma entrada era apelidada de “Porta da Morte”, pois representava o ato de “morrer num mundo material, para renascer num mundo espiritual”! E para reforçar esta filosofia franciscana, foram esculpidos símbolos por cima desta porta, entre os quais duas cruzes (uma de cada lado) e uma caveira sobre dois ossos cruzados.

Dormitório (ou Corredor das Celas)

O Dormitório do Convento dos Capuchos é um longo e estreito corredor, composto por oito celas (uma para cada um dos frades franciscanos que residiam nesta casa conventual).

Podes não conseguir perceber pela fotografia, mas estas celas têm uma entrada mesmo muito baixa. E o motivo é simples: para acederem aos seus aposentos, os frades eram obrigados a ajoelharam-se. Assim, reforçavam o seu voto de humildade e obediência a Deus, todos os dias.

No interior de cada cela, o mobiliário era igualmente escasso e pobre. Os frades franciscanos nem sequer tinham camas, pois dormiam numa esteira de palha ou placa de cortiça no chão!

Casa das Águas

Se percorreres o Dormitório (ou Corredor das Celas) e virares à esquerda, vais entrar na Casa das Águas, as instalações sanitárias do Convento dos Capuchos. Esta é não só uma das maiores divisões do monumento, como também uma das poucas com acesso direto ao exterior!

A Casa das Águas é modesta, mas possuía as condições mínimas necessárias para a higiene pessoal dos frades: latrinas (na fotografia da esquerda), cisterna e um tanque de água (ambos na fotografia direita). Além disso, o Convento dos Capuchos era abastecido por um canal de água de quase meio quilómetro de comprimento, proveniente de uma mina localizada na Serra de Sintra.

Cozinha

A Cozinha (e, já agora, o Refeitório) são as duas entradas que encontras à direita, vindo do Dormitório (ou Corredor das Celas).

De dimensões consideráveis, é provável que a Cozinha não tivesse este tamanho todo quando foi construída. E a sua expansão pode ter a ver com o facto destes frades franciscanos receberem muitos peregrinos, já para não falar da população mais pobre de Sintra, que aqui vinha pedir comida.

No entanto, os frades comiam quase só legumes e frutas, que eram plantados na horta do convento. Os outros alimentos considerados mais “extravagantes” (como os ovos, queijo, azeite ou vinho) eram doados por reis ou nobres, sendo que os frades faziam sempre questão de os partilhar com o povo.

Refeitório

O Refeitório é uma sala adjacente à Cozinha, onde sobressai uma enorme laje de pedra colocada ao centro.

Tanto quanto se sabe, esta laje foi oferecida pelo Cardeal-Rei D. Henrique (1578-1580) aos frades franciscanos do Convento dos Capuchos, para servir de mesa de jantar.

Como referi anteriormente, os oito residentes desta casa conventual não tinham acesso a uma grande variedade de alimentos, apenas aqueles que conseguiam cultivar na sua horta ou os que lhes eram doados.

Ainda assim, disponham desta grande “mesa” de pedra, onde partilhavam os poucos momentos de convívio.

Sala do Capítulo

A Sala do Capítulo é uma das salas mais importantes do Convento dos Capuchos, uma vez que era utilizada como local de reuniões da comunidade franciscana.

Contudo, o seu nome não é exclusivo a esta casa conventual. A “Sala do Capítulo” era um espaço existente em muitos conventos e mosteiros, como é exemplo o Mosteiro de Alcobaça, o Mosteiro da Batalha, ou o Mosteiro de Tibães (em Braga).

Importa ainda mencionar o pequeno nicho escavado na parede, que alojava uma imagem da Nossa Senhora das Dores. E por baixo, chegou até aos nossos dias um painel de azulejos azuis, brancos e amarelos, provavelmente do século XVIII (tal como os da Capela da Paixão de Cristo).

Cela da Penitência

Um detalhe curioso que ainda nem mencionei sobre o Convento dos Capuchos, é o facto do seu interior ser tão “labiríntico”. É muito fácil perderes-te com tantos corredores, salas e escadas, por isso cuidado!

Eu descobri a Cela da Penitência quase por acaso, mas confesso que não tive coragem de entrar. E porquê? Porque é uma cela escura, sem janelas ou luzes.

Naquela altura, os frades frequentavam-na para meditar. Hoje, não passa de um sítio arrepiante para quem tem claustrofobia ou nictofobia!

Os próximos locais de interesse deste guia são no exterior, embora existam mais divisões interiores: várias celas para visitantes, a Biblioteca e as Enfermarias (com celas para doentes e uma botica)!

Claustro

O Claustro foi o sítio que mais gostei no Convento dos Capuchos, talvez por ser tão fotogénico! Trata-se de um terreiro amplo (ainda que íntimo) da casa conventual, onde prolifera a vegetação densa da Serra da Sintra. E dezenas destas plantas forneciam os ingredientes necessários para a preparação de ervas medicinais no vizinho Herbolário!

Para chegares mais depressa ao Claustro, podes sair pela porta junto à Sala do Capítulo, ou então atravessar diretamente a Portaria. Uma vez no exterior, não deixes de admirar a fonte de pedra instalada no centro do pátio, cuja água provinha da cisterna da Casa das Águas. E daqui, tens também vistas maravilhosas para os três edifícios das traseiras: a Capela do Senhor no Horto, o Celeiro e o Forno do Pão.

Capela do Senhor no Horto

Por vezes chamada de Ermida do Senhor no Horto (devido à sua construção rústica e localização remota), a Capela do Senhor do Horto é um templo católico humilde, mas bem decorado. Só para exemplificar, na fachada principal estão representados dois frades franciscanos, cuja autoria é atribuída a André Reinoso (um artista da primeira metade do século XVII, que foi considerado o primeiro pintor barroco de Portugal).

Parece difícil decifrar as duas figuras, já bastante deterioradas pelo tempo, mas tratam-se de São Francisco de Assis (percetível pelas estigmas nas mãos, à esquerda) e de Santo António de Lisboa (ou Santo António de Pádua, à direita). No interior da capela, sobreviveu um altar revestido dos típicos azulejos portugueses.

Celeiro

O Celeiro foi um dos últimos espaços do Convento dos Capuchos a ser restaurados pela Parques de Sintra. A ideia da empresa agora é transformá-lo num “mini museu”, onde possam ser expostos objetos e peças recuperados nas diferentes campanhas de escavações arqueológicas.

Segundo os registos históricos, este armazém espaçoso não data do projeto inicial de construção da casa conventual. Por isso, os historiadores acreditam que foi criado quando as doações começaram a aumentar.

Existe uma pequena escadaria ao lado, que te leva diretamente à Antiga Horta do Convento e à chamada Casa das Hortas (o atual Centro de Interpretação do Convento dos Capuchos).

Forno do Pão

Os oito frades franciscanos do Convento dos Capuchos guardavam os cereais que recebiam de doações no Celeiro, para depois os transformarem em pão. E esse mesmo alimento era cozido neste Forno do Pão, situado nas traseiras da Capela do Senhor no Horto.

O pão era maioritariamente utilizado nas missas e outras cerimónias litúrgicas e, claro, era partilhado com todos os peregrinos e pobres da vila. Se continuares pelo trilho que vês na primeira fotografia, vais dar à famosa Cova do Frei Honório, que está escondida no meio da vegetação!

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